Como já diria um dos maiores “filósofos” da contemporaneidade, Celso Athayde,
“de Dyskreto ele não tem nada”. No alto de seus quase 2m de altura, o rapper Dyskreto, de Aparecida de Goiânia, Centro Oeste, fala um pouco da sua trajetória até emplacar a CUFA GOIAS e ainda xinga Linha Dura.
Dyskrteto escreveu seu primeiro rap aos 13 anos e pretende nunca largá-lo. Muito mais do que um amante da cultura urbana, ele é um agitador cultural no estado. Há um pouco mais de quatro meses na organização, ele já vem fazendo varias articulações e desenvolvendo projetos com foco na juventude.
A primeira ação da CUFA GO foi o lançamento do livro “Falcão Mulheres e o Tráfico” de Celso Athayde E Mv Bill. Entre outros lugares, o livro será lançado em presídios femininos da cidade.
Dyskreto vem a Cuiabá, para se apresentar no MOVIMENTANDO HIP HOP, evento promovido pela CUFA MT, que acontece durante o carnaval cuiabano.
Em entrevista a Favela Comunicação, ele fala sobre seu trabalho na organização, e como esta pode contribuir de maneira efetiva na sociedade.O rapper fala também sobre Hip Hop Fora do Eixo e os equívocos que as pessoas fazem da relação CUFA e hip hop.
Confira a entrevista completa.
FC - Dyskreto, em pouco tempo atrás, você era um rapper que buscava a igualdade social através do hip hop. E agora, você é o que?
Dys - Ainda sou e ainda busco. Na medida da força e capacidade... Tenho claro na minha mente que não é possível e também não é saudável abraçar a responsabilidade de sanar todos problemas do meio onde se vive. Mas tem uma frase que funciona sempre “É melhor tentar, ainda que em vão, do que sentar-se, fazendo nada até o final” .
Continuo fazendo rap, mas tenho consciência que o rap não é a única voz das comunidades e favelas... Aqui existem pessoas de todo tipo, varias educações e costumes, portanto aprendi respeitar a escolha cultural de cada um. Antes eu ficava puto de ver um cantor sertanejo ganhando tanto dinheiro, ou um pagodeiro e etc. Hoje não, percebo que não adianta ficar puto num canto e criticar a falta de oportunidade, e se ela não existe porque não construir essa oportunidade nós mesmos? Então e isso que penso, ninguém vem trazer a solução na sua porta. Você tem que encontrá-la. Atualmente tenho a Honra e a oportunidade de fazer parte de uma grande rede que é a CUFA, e pretendo ser um quadro importante no contexto nacional e até mundial dessa instituição.
A frase que funciona sempre:
“É melhor tentar, ainda que em vão, que se sentar, fazendo nada até o final”.
FC - Sendo membro dessa grande rede que é a CUFA, como você acha que a organização pode contribuir de maneira efetiva com a sociedade?
Dys - A CUFA por natureza já é uma organização muito dinâmica, creio que nossa principal diferença é saber lidar com as diferenças. Não esperamos que seja definida uma estratégia perfeita e milagrosa para algum problema. Simplesmente agente começa a batalhar para solucionar ou implementar uma solução e a resposta vem no decorrer do caminho, e assim conseguimos, convergir para algum lugar mesmo que não saibamos ao certo pra onde vamos e a partir dessa nova posição traçamos outros objetivos. Resumindo: a CUFA age, não espera.
Nossos projetos vão de educação a lazer, passando por cidadania, esporte e cultura. E muita das vezes oportunidades profissionais. Então é um troço que junta um monte de coisa boa e faz um feijão do nosso jeito (risos).
FC - Seria um jargão se não fosse verdade né...
Dys - Seria... Mas é a mais pura realidade...
Apesar disso tudo hoje conseguimos manter um nível de organização interessante. Não somos um bando de desgovernados.
FC - Às vezes pode até não saber onde vão chegar, mas ao menos já visualizam algumas direções, é isso?
Dys - Bom, eu sou novato ainda. Mas pelo que aprendi pude perceber isso. Visualizamos um objetivo. O caminho é nebuloso porque não sabemos como vamos viabilizar essa conquista. Então fomentamos o primeiro passo. Quem sabe nesse próximo passo não exista a possibilidade pro passo seguinte, não é mesmo?
FC - Perfeito! Mas agora, vamos falar um pouco de hip hop.
Quais os pontos positivos e negativos da relação HIP HOP E CUFA Goiás?
Dys - Primeiramente gostaria de esclarecer uma questão que em Goiás é vista com bastante equivoco: a CUFA não é uma organização de Hip Hop, porém tem o hip hop como um dos seus braços culturais, claro, nascemos guiados por ele, mas não somos uma Produtora de Hip Hop, não vamos priorizar montar uma gravadora de rap para lançar discos de toda pessoa que faz rima, não vamos priorizar apenas festivais dessa cultura. Hoje percebemos que existem expressões tão carentes de espaço como o hip hop foi um dia, e ainda é, porém com menos intensidade atualmente. Então usamos uma expressão para fortalecer e completar a outra. Em Goiás temos um quadro onde elementos do hip hop como o rap chega a ser mais forte na internet do que na rua. Percebe-se que não há uma unanimidade que nos obrigue apenas olhar para uma direção. Sempre estaremos de mãos dadas com essa cultura urbana. Mas estamos evoluindo essa concepção. Hoje a CUFA vem reinventando o Hip Hop.
FC - Ainda sobre hip hop.
O Hip Hop Fora do Eixo é a sacada do momento. Com está rolando a discussão ai em Goiás? Já traçaram alguma estratégia?
Dys - O Hip Hop Fora do Eixo nasceu de uma necessidade de sobrevivência. Foi quando aquela galera que sonhava em ser como Mv Bill, Racionais, Thaide, percebeu que aquela idéia de “alguém me descobre um dia”, já havia caído por terra. Que o mito da gravadora que resgata não passava realmente de uma lenda. È só olhar os números: quantos artistas de Hip Hop atualmente conseguem manter suas famílias e prosperar em suas vidas por esse caminho? Com certeza trata-se de um número quase nulo. Hoje existem artistas com ótimos trabalhos que abandonam o rap por falta de perspectiva. A indústria passa por uma seria crise... Hoje quem vende 30 mil copias é herói, antigamente era demissão na certam, e no hip hop esse problema é ainda mais veemente por conta de não termos o espaço devido nos veículos de comunicação. O Hip Hop Fora do Eixo nasce neste contexto. Onde os próprios artistas criam uma rede onde possam produzir, veicular, distribuir e difundir suas obras formando um ciclo. Em Goiás a discussão é embrionária, até porque nem todos acordaram para essa realidade.
FC - Você vem a Cuiabá, enquanto rapper lançar sua mixtape. O que você espera do público “tchapa e cruz”?
Dys - Que vocês façam um puta barulho no show (risos)
Ultimamente tenho tido pouco tempo pra me dedicar a minha carreira como rapper. È sempre bom ter uma oportunidade de voltar a rimar.Amo isso de todo coração. Cuiabá vai balançar nessa edição do MOVIMENTANDO O HIP HOP ao som do Pirata Dys.
FC - O momento agora free. Pode agradecer, xingar quem e o que você quiser. Cuidado hein... (risos)
Dys - Xingar eu não quero muito não, só o Linha Dura por ter mudado meus planos de ser apenas um chefe de família com emprego fixo e baixa renda, torcedor do flamengo (muitos risos).
Bom, quero agradecer a oportunidade de estar participando dessa edição do MOVIMENTANDO O HIP HOP e dizer que a CUFA MT tem se tornado referencia para diversas bases de nossa intuição, e ainda chamar todo cidadão dessa cidade com pernas fortes o suficiente para comparecer a “arena” e presenciar a chegada da nossa esquadra Pirata, (Piratas do Centro Oeste amigo!!) Até breve!
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